Corais

Corais

Dá-se o nome de corais a um grupo de animais marinhos primitivos, da classe Antozoários do filo Cnidários. Eles vivem em ambientes muito restritos, em mares tropicais de águas quentes (acima de 20 ºC) e claras, portanto, calmas e rasas (menos de 40 m de profundidade). Isso torna-os excelentes indicadores das condições ambientais, acusando com clareza a ocorrência de desequilíbrios nas condições do ambiente em que vivem.

 Coral rosa do tipo séssei

São, pela mesma razão, importantes em Geologia, pois a existência de corais fósseis em uma rocha mostra que ela se formou em ambiente marinho raso, de águas quentes e calmas.

São animais sésseis, isso é, vivem presos ao fundo do mar, como se fossem plantas, formando colônias de grandes dimensões. Os corais conhecidos como corais de pedra (todos os antozoários, exceto as anêmonas) desenvolvem um esqueleto de composição calcária e o conjunto desses esqueletos forma os recifes de corais.

O maior desses recifes é a Grande Barreira de Corais existente em Queensland, na Austrália. Ela é formada, na verdade, por cerca de 2.900 recifes e 300 atois (recifes circulares). Ali, vivem 1.500 espécies de peixe, 360 de coral, 5.000 a 8.000 de molusco, 400 a 500 de alga, 1.330 de crustáceo e mais de 800 de equinoderma (grupo de animais que incluem as estrelas do mar e os ouriços do mar).

O esqueleto calcário do coral tem forma aproximadamente cilíndrica e oca, é composto de carbonato de cálcio (87%), carbonato de magnésio (7%) e outras substâncias, sendo, em alguns casos, usado como gema. Esses corais gemológicos pertencem às espécies corallium nobile, corallium rubrum, corallium secundun e corallium japonicum.

Corallium rubrum

Corais são considerados o ecossistema de maior biodiversidade do mundo, mas também um dos mais vulneráveis de todos. Calcula-se que 27% dos recifes de corais do mundo já foram degradados de maneira irreversível, e teme-se que 70% do que resta seja destruído nos próximos 50 anos. As principais causas disso são a pesca predatória e a remoção dos próprios corais para fins ornamentais, não apenas como gema, mas também para decoração de aquários. Essa degradação manifesta-se sobretudo pelo fenômeno conhecido como branqueamento dos corais.

Os corais formadores de recifes vivem em simbiose com algas unicelulares, as zooxantelas. Essa associação permite que eles cresçam num ritmo até 10 vezes mais rápido, e são as zooxantelas que lhes dão as cores vivas que exibem. Por isso, quando as condições ambientais tornam-se adversas, os corais zooxantelados expelem total ou parcialmente essas algas, ficando esbranquiçados. Esse branqueamento tem ocorrido em larga escala nos últimos 20 anos, embora nem sempre seja completo e nem sempre leve à morte da colônia (depende do tempo de duração do desequilíbrio ambiental).

São muitos os fatores que levam ao branqueamento, entre eles o excesso de iluminação ou de raios ultravioleta e variações na temperatura da água ou na sua salinidade. Muitos desses corais vivem em águas que estão na temperatura máxima que podem suportar e, por isso, a elevação de apenas 1 °C pode ser suficiente para causar o branqueamento.

Os corais têm grande importância na vida marinha porque grande número de animais vivem neles ou neles buscam alimento, além de ali encontrarem ambiente favorável à reprodução.

Propriedades

Os esqueletos de corais gemológicos são de transparentes a opacos, de cores principalmente vermelha, rosa ou laranja. Variedades não gemológicas podem ter outras cores, como branco, preto, azul, creme ou marrom. Têm baixa dureza (3,5 a 4,0), densidade 2,60-2,70 e mostram estrias retas ou espiraladas que servem para diferenciá-los das imitações, quando estão ainda no estado bruto. Formam troncos de 20 a 40 cm de altura, com ramificações de até 6 cm de diâmetro. Corais negros podem ser bem maiores, atingindo até 3 m de altura.

Ocorrência

Distribuição mundial dos corais

Os corais são encontrados em mais de 100 países, principalmente na Tailândia, Austrália e Filipinas. São pouco comuns na costa oeste das Américas e na costa Oeste da África, devido às correntes marítimas frias dessas regiões. São igualmente escassos no nordeste da América do Sul, pela ação da água doce do rio Amazonas, e nas costas do Paquistão e de Bangladesh, pelo ação das águas do Ganges.

No Brasil, há recifes de corais desde o sul da Bahia até o Maranhão, concentrando-se principalmente entre Salvador e o arquipélago de Abrolhos. A área de ocorrência desses animais totaliza 240.000 km², dos quais metade estão em regime de degradação, em razão da poluição, das mudanças climáticas, da pesca com dinamite ou do turismo descontrolado.

O coral gemológico ocorre em estreitas faixas que abrangem Japão, Malásia, Mediterrâneo, ilhas do Cabo Verde, Ilhas Canárias, Ilha da Madeira, Baía de Biscaia e o sul da Irlanda.

Uso

Os corais são usados como adorno pessoal desde 1.200 a.C. pelo menos. O mais apreciado é o vermelho, da espécie corallium rubrum. O coral gemológico é empregado principalmente para confecção de camafeus, colares, pulseiras e pequenas esculturas. Pode se usado também no estado bruto, principalmente em forma de colares ou pulseiras.

Os corais negros são menos valiosos, mas também aproveitáveis com fins gemológicos. Os mais usados em joias são aqueles procedentes do Mediterrâneo e do Mar Vermelho, das ilhas do Pacífico perto do Japão ou de Taiwan, das Ilhas Canárias e da Malásia.

A primeira figura abaixo mostra um coral com a apreciada cor chamada podange (do francês peau d ’ange, ou pele de anjo). A figura ao lado dela mostra uma bela peça feita com coral fossilizado.

Coral podange Coral fossilizado

Principais Produtores

Os países que mais produzem coral gemológico são Tunísia, Argélia, Marrocos, Itália, França e Espanha. Na Espanha, é produzido principalmente na Catalunha; na Franca, na Provença; e na Itália, em Livorno, Nápoles, Gênova e Sardenha. Também na Itália está o maior centro de lapidação de coral do mundo, em Torre del Grecco, perto de Nápoles.

A primeira figura abaixo mostra corais de diversos tipos e procedências e a segunda mostra um coral negro do Equador.

Corais brutos e lapidados Coral negro, do Equador

Imitações

Por ser uma gema orgânica muito apreciada e de ocorrência bastante restrita, o coral tem sido imitado com o uso de diversas substâncias. As imitações mais comuns são obtidas com jarina (marfim vegetal) colorida artificialmente; borracha misturada com gipsita; pó de mármore misturado com cola e cinábrio ou pó de mínio; osso ou chifre coloridos também por cinábrio; plásticos; vidros e porcelana. Essas substâncias não reagem com ácido clorídrico diluído e a frio, ao contrário do coral verdadeiro, que dá uma efervescência bem visível sob a a ação desse ácido.

Cuidados

Como toda gema orgânica, o coral é pouco resistente e requer cuidados especiais. Joias feitas com ele devem ser mantidas longe do calor intenso, bem como do contato com ácidos em geral. Devem ser lavadas com detergente neutro a levemente alcalino. Caso um coral perca a cor, deve-se mergulhá-lo em água oxigenada, pois ela pode ser, assim, readquirida.

Fontes

BRANCO, Pércio de Moraes. Dicionário de Mineralogia e Gemologia. São Paulo, Oficina de Textos, 2008. 618 p. il.

CORAL. Wikipédia em português http://pt.wikipedia.org/wiki/Coral, acessado em 01.10.2009

LEME, Juliana de Moraes. Coral. São Paulo, Diamond News, São Paulo, v.10, n.31, p.7-13, 1.sem. 2009.

Fotos

Wikipédia em português

Leme (2009)

Schumnan, W. Gemas do Mundo. S. Paulo, Livro Técnico, 1982.

Pércio M. Branco

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