Projeto Arapiraca

Projeto Arapiraca

Início: 08/2004; Término: 07/2006; Duração: 24 meses



Objetivo e Justificativas



Os objetivos do Projeto Arapiraca são:

Dotar a área de uma cartografia atualizada com a escala proposta, caracterizando as unidades cartografadas.

Estabelecer litoestratigrafia.

Delinear o arcabouço tectônico da área com a subdivisão em domínios ou terrenos tectnoestratigráficos e definir os limites entre os domínios da faixa sergipana, pelo Domínio Araticum e pelos terrenos Canindé-Marancó e Pernambuco-Alagoas.

Estudar a potencialidade metalogenética dos complexos metavulcanossedimentares Nicolau Campo Grande e Araticum, cujas mineralizações e indícios geoquímicos apontam para depósito de cobre contendo ouro e prata, ouro em sedimentos de corrente, mineralizações de ferro, jazimentos de amianto antofílitico e calcários cristalinos.

Caracterizar os corpos graníticos neoproterozoicos/cambrianos e as rochas migmatíticas de embasamento do Terreno Pernambuco-Alagoas no tocante à aplicabilidade como rochas ornamentais.


Os fatos que justificam a execução do Projeto Arapiraca são:

O conhecimento geológico da área é incipiente, resultado de levantamentos regionais e integrações nas escalas 1:250.000 e 1:500.000; à exceção da folha homônima na escala 1:100.000, que foi mapeada dentro do Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil - PLGB da CPRM em 1995, e de pequenas áreas objetos de dissertações e teses de mestrado e doutorado, com enfoque principal na evolução petrogenética de granitos brasilianos.

As principais unidades litoestratigráficas descritas na área são alvo de controvérsias quanto aos seus respectivos patrimônios litológicos, limites e idades geocronológicas. Trabalho de doutoramento, em curso, tem demonstrado a complexidade da área na cartografia das associações litológicas do substrato polideformado, assim como dos complexos graníticos intrusivos neoproterozoicos.

Em termos de potencial metalogenético, pode-se ressaltar os complexos metavulcanossedimentares Nicolau-Campo Grande e Araticum.

Dentre as mineralizações e os indícios geoquímicos detectados podemos enumerar: depósito de cobre contendo ouro e prata, associado à suíte metamáfica-metaultramáfica Serrote da Laje, que intrude as rochas do Complexo Araticum em fase pré-deformacional. A DOCEGEO executou trabalhos de detalhes com bloqueios de uma reserva de 60 milhões de toneladas de minério, com teor médio de 0,8% de cobre e 0,33 ppm de ouro nas rochas dessa suíte. Ao cobre e ao ouro associam-se, ainda, níquel (0,1%), vanádio (0,08%), cobalto (0,07%), telúrio (5ppm), prata (2ppm) e traços de platina e paládio. Anomalias de platina, níquel, cobalto, cromo e paládio em amostras de concentrado de bateia ocorrem relacionadas à referida suíte;

Ouro em sedimentos de corrente, associado aos complexos Araticum e Nicolau-Campo Grande;

Mineralizações de ferro, algumas associadas a corpos metamáfico-metaultramáficos, nos complexos Araticum e Nicolau-Campo Grande;

Jazimentos de amianto antofilítico, por vezes acompanhados de vermiculita, nos complexos Araticum e Nicolau-Campo Grande. Neste último, levantamentos geoquímicos indicaram valores anâmados de Au, Pt, Pl, Ni, Co, Cu, Cr e V;

Calcários cristalinos associados aos complexos Nicolau-Campo Grande e Araticum.



Localização e Acesso

A Folha Arapiraca está situada geograficamente entre as latitudes 9o 00’ e 10o 00’ sul e longitudes 36º 00’ e 37o 30’ W , abrangendo parte central do estado de Alagoas e partes dos estados de Pernambuco e Sergipe.

Geotectonicamente está inserida na porção sul da Província Borborema, no denominado Domínio Externo, ocupando uma área limítrofe entre a Faixa Sergipana, o Domínio Araticum, o Terreno Pernambuco-Alagoas e o Terreno Canindé-Marancó.



Geologia Regional

Na literatura, o Terreno Pernambuco-Alagoas é referido como composto pelo complexo metaplutônico Belém do São Francisco e pelo complexo metavulcanossedimentar Cabrobó, ambos de atribuída idade mesoproterozoica, além de inúmeros corpos graníticos intrusivos filiados à Orogênese Brasiliana.


Minas campestre, Mineração Barreto S/A (MIBASA). Lavra do serpentino agrícola destinada à elaboração do MBA, produto denominado de

A Faixa Sergipana está representada pelo quartzito basal (Formação Santa Cruz) e pelos metapelitos do Grupo Macururé, de presumida idade neoproterozoica. Os metassedimentos contornam o alto de embasamento denominado de Domo Jirau do Ponciano, de idade arqueana à paleoproterozoica, correlacionado ao Cráton do São Francisco. É composto pelo complexo metavulcanossedimentar Nicolau-Campo Grande, pelo complexo metaplutônico Jirau do Ponciano e por alguns corpos de ortognaisses.


O Complexo Araticum, anteriormente admitido como uma unidade pertencente ao Complexo Marancó, foi redefinido no Mapa Preliminar do Estado de Alagoas (CPRM, 2003), formando o domínio tectônico homônimo.


O Terreno Canindé-Marancó, contido na folha, constitui uma área restrita da sua extremidade sudoeste, onde afloram rochas do complexo migmatítico de Poço Redondo; do complexo metavulcanossedimentar Marancó, de idade mesoproterozoica; e da suíte gabroide Canindé, de idade neoproterozoica.



Metodologia


Etapa Preliminar

Aquisição da documentação básica (trabalhos bibliográficos das disciplinas envolvidas no mapeamento geológico, imagens Landsat-TM na escala 1:250.000 e aerofotos na escala 1:70.000);

Compilação de trabalhos geológicos de cunho regional (executados pela CPRM, por empresas, notadamente os levantamentos geológico-metalogenéticos nas mais diversas escalas; trabalhos provenientes de cursos de pós-graduação e publicações técnicas em livros, revistas, anais e boletins de congressos e simpósios);

As imagens Landsat-TM serão a principal ferramenta para a fotointerpretação geológica da área, contando com o auxílio das tradicionais fotografias aéreas;

Os dados geofísicos já levantados serão tratados e processados. A interpretação preliminar dos dados deverá preceder ou coincidir com os primeiros trabalhos de fotointerpretação, de compilação bibliográfica e de reconhecimento geológico da área. A seguir, a integração dos dados para os objetivos especificados no planejamento e para a detecção de alvos de prospecção ou de detalhamento. Serão utilizados os dados aeromagnetométricos e gamaespectrométricos do Projeto Aerogeofísico Baixo São Francisco (GEOFOTO S. A., 1978), o qual foi executado com os seguintes parâmetros:


Métodos:
Magnetometria e Gamaespectrometria
Contratante:
CPRM
Contratado: ENCAL S.A.
Contrato: 390/DAD/77 - 04/11/77
Período: 11/77 a 01/78
Número de Áreas:03
Total de Perfis: 30.593 km
Intervalo (AM): 1 s
Altura de Voo: 150 m
Área Total: 55.000 km²
Direção (LV): N-S
Espaçamento (LV): 2 km
Direção (LC): E-W
Espaçamento (LC): 20 km
Tempo de Integração Gama (s): 1
Produtos: Registros analógicos; filmes de rastreio; fitas magnéticas de campo; fotomosaicos com posicionamento dos perfis; relatório do levantamento; elaboração do mapa geológico preliminar a partir da integração da fotointerpretação geológica com os mapas pré-existentes e ainda com dados geofísicos compilados/interpretados; e elaboração do mapa de recursos minerais.



Mapeamento Geológico e Metalogenético

O mapeamento geológico será direcionado principalmente para as áreas problemas ou carentes de informações. Estão previstos os seguintes enfoques e atividades paralelas:

Será dada especial atenção à caracterização de algumas das unidades constantes das integrações regionais, tais como: as supracrustais de fácies granulito do Domo Jirau do Ponciano e adjacências; os quartzitos da região de Igaci; os quartzitos da Formação Santa Cruz; os quartzitos inferiores intercalados nos metapelitos do Grupo Macururé da Faixa Sergipana; os complexos Belém do São Francisco, Cabrobó, Araticum; e as metavulcânicas do Complexo Nicolau-Campo Grande;

Delinear o arcabouço tectônico da área com a subdivisão em domínios ou terrenos tectnoestratigráficos;

Realizar a coleta de amostras de rochas em unidades litoestratigráficas fundamentais para a compreensão da evolução geológica da área. Estão previstas 10 datações geocronológicas U-Pb em zircão e obtenção de parâmetros isotópicos de uso petrogenético;

Coletar amostras de rochas metavulcânicas, metaplutônicas e plutônicas graníticas. Estão previstas 80 amostras para análises laboratoriais de Química de Óxidos e ETR;

Executar levantamento geoquímico com amostragem de sedimentos de corrente (420 amostras) para análise química de 32 elementos e concentrados de bateia (180 amostras) para análise mineralógica;

No cadastramento de recursos minerais, todas as ocorrências terão suas coordenadas estabelecidas com o auxílio do GPS. Os principais jazimentos do ponto de vista econômico e metalogenético, assim como novas ocorrências minerais que venham a surgir, serão alvo de estudos mais detalhados;

Serão levantados perfis gravimétricos regionais estrategicamente posicionados com o objetivo de identificar as estruturas tectônicas com características litosféricas. A execução de grandes perfis (150 a 200 km) atravessando as principais estruturas da Faixa Sergipana permitirá identificar padrões regionais, além de considerar assinaturas aeromagnetométricas previamente conhecidas.


As observações gravimétricas serão efetuadas apoiando-se nas bases gravimétricas determinadas pelo Observatório Nacional e referenciadas ao IGSN 71. O levantamento altimétrico das estações gravimétricas será realizado simultaneamente por meio do Sistema de Posicionamento Global Geodésico. Após o levantamento dos dados serão calculadas a gravidade observada e as anomalias Ar-Livre e Bouguer, a partir da conversão das leituras instrumentais e da correção dos efeitos da maré e da deriva instrumental. A densidade da topografia será considerada igual a 2,67 g/cm3 e os valores anômalos Ar Livre (AL) e Bouguer (AB) serão calculados com referência ao geoide (nível do mar). A interpretação dos dados gravimétricos permitirá a compreensão do arcabouço crustal da região, a partir da sua correlação com os dados do mapeamento geológico e com os dados geocronológicos. Os resultados finais dessa integração possibilitarão a delimitação das diferentes províncias tectônicas e metalogenéticas.



Estudos Laboratoriais

Análises petrográficas: estão previstas cerca de 120 lâminas delgadas para caracterização litológica, textural, estrutural, mineralógica e composição modal;

Análises químicas/mineralógicas: previsão de 80 amostras para determinação de Química de Óxidos e ETR para fins petrogenéticos e metalogenéticos, 420 amostras de sedimentos de corrente para 32 elementos e 180 amostras de concentrados de bateia para determinação mineralógica;

Determinações geocronológicas e isotópicas: deverão ser obtidas 10 concórdias U-Pb em zircão (x4 pontos), 10 idades modelo Tdm e parâmetro εNd (t) para fins de determinação da cristalização/metamorfismo da rocha e idade e natureza do material fonte;

Consistência das informações e alimentação das bases de dados.


Nos intervalos entre as campanhas de campo serão consistidas todas as informações coletadas, atualizados os mapas geológico e de recursos minerais e alimentadas as bases de dados AFLO, PETRO, CRON, GEOQ e META.


Resultados Esperados


O SIG da Folha Arapiraca SC.24-X-D, escala 1:250.000, será composto de bancos de dados e mapas vetoriais/imagens dos diversos temas cadastrados, mapas geológicos e de recursos minerais (metalogenético). Deverá retratar os elementos geológicos clássicos desse tipo de carta e apresentará informações sobre os jazimentos minerais inventariados de tal forma que deverá incorporar feições típicas de um “mapa mineiro”, representadas pelos dados econômicos e classificação utilitária dos depósitos minerais; bem como elementos de um “mapa de jazimentos minerais”, desde que também registrará as características descritivas das mineralizações (substância mineral, morfologia e classe de jazimentos). Além disso, os jazimentos minerais deverão ser valorizados através de uma representação gráfica adequada que os realce prontamente na carta geológica.

A legenda dos mapas será complementada pela inserção de encartes mostrando as principais fontes de informações utilizadas, o mapa aerogeofísico, a compartimentação geotectônica e os domínios geocronológicos da folha. O SIG Geológico e de Recursos Minerais da Folha Arapiraca, escala 1:250.000, será produzido por tecnologia digital, disponibilizado em CD no Sistema Geográfico de Informações – SIG por meio do soft ArcView, e alguns exemplares impressos em forma convencional.


Desse modo, espera-se que este projeto resulte na produção de:

1. Mapa Geológico na escala 1:250.000 da Folha Arapiraca em meio digital e analógico - Mapa - 01.

2. Mapa Recursos Minerais na escala 1:250.000 da Folha Arapiraca em meio digital e analógico - Mapa - 02.

3. Texto explicativo da Folha Arapiraca sobre geologia e recursos minerais.
4. SIG dos dados geológicos da Folha Arapiraca (mapa, fotos de afloramentos, imagens de satélite, tabelas etc.) em meio digital - CD - 01.

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