Gestão das águas: estudo do Serviço Geológico do Brasil gera dados inéditos sobre o potencial hidrogeológico de Manaus

Segunda-feira, 02 de outubro de 2023

Gestão das águas: estudo do Serviço Geológico do Brasil gera dados inéditos sobre o potencial hidrogeológico de Manaus

Seminário promovido na quarta-feira (27) foi uma das etapas para finalização dos trabalhos desenvolvidos em parceria com Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)


Um projeto coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e executado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) gera dados inéditos sobre o potencial hidrogeológico de Manaus, capital do Amazonas: “Estudos Hidrogeológicos das Regiões Urbana e Periurbana de Manaus (AM) – Subsídios para o Uso Sustentável dos Recursos Hídricos”.

A iniciativa, que começou em 2017, a partir do Termo de Cooperação Técnica entre SGB e ANA, está em fase de conclusão e deve ser apresentado ainda no mês de outubro. Na quarta-feira (27), foi realizado o 2º Seminário, no âmbito do projeto, para marcar a finalização dos estudos com apresentações técnicas. O evento ocorreu na sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

O principal objetivo do trabalho é gerar conhecimento hidrogeológico sobre o Aquífero Alter do Chão em Manaus, apontar as relações entre ele e as águas superficiais e suas restrições de uso, tanto em termos de quantidade quanto de qualidade. Desse modo, fortalecer a gestão integrada oferecendo subsídios para o estado e municípios definirem estratégias de preservação e uso sustentável do recurso natural.

“O estado e o município terão as informações técnicas para priorizar suas ações nos locais adequados. Isso gera economia e otimização de atividades, além de retorno direto para a sociedade, com melhoria da qualidade de vida das pessoas. Água é vida!”, destaca a pesquisadora em geociências do SGB, que participou dos estudos, Janaína Miranda.

Esse estudo foi executado, em sua maioria, por pesquisadores da Superintendência Regional de Manaus, sob coordenação da engenheira Jussara Cury. As informações levantadas foram de caráter multidisciplinar e envolveram temas, como: clima, geologia, solos, hidrologia, recarga, balanço hidrogeológico, hidroquímica, isotopia, vulnerabilidade, fontes potenciais de poluição, modelo hidrogeológico e ferramentas de gestão dos recursos hídricos.

Gestão das águas

Durante o seminário, a superintendente de Planos, Programas e Projetos da ANA, Flávia Carneiro, enfatizou que o conhecimento é a base para a tomada de qualquer decisão: “A ANA e o SGB têm o dever de contribuir com informações hídricas sobre o município. Manaus teve um avanço significativo no que tange à execução de políticas públicas para águas subterrâneas, e esperamos que, após a adesão ao Pacto pela Governança da Água, nós e o estado possamos reunir todas as agendas de gestão de recursos hídricos”, disse.

O presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), Juliano Valente, espera que, com as informações fornecidas pelo SGB, haja uma mudança na política de outorga dos poços artesianos da cidade: “Somos uma capital industrializada e utilizamos muito os recursos hídricos. Subsidiados pelos estudos, poderemos desenvolver e implementar políticas direcionadas não somente para consumo humano, mas também para as indústrias da Zona Franca de Manaus. Nós utilizamos a água subterrânea de maneira indiscriminada, tivemos vários problemas e ainda sentimos o reflexo dessa má utilização”, afirmou o presidente.


Apresentações Técnicas

No Seminário, os pesquisadores em geociências do SGB realizaram apresentações técnicas sobre temas relacionados aos estudos. Marcelo Motta e Miquéas Barroso apresentaram as características do meio físico (solo, clima, recursos hídricos, minerais e relevo) de onde se encontram as bacias hidrográficas do município, abordando os fatores ambientais, de uso e ocupação de terra e solos.

A engenheira hidróloga Luana Lisboa conduziu a apresentação Hidrologia e Balanço Hídrico. Na ocasião, detalhou o volume de recursos hídricos, avaliando a precipitação e a evapotranspiração, considerando a capacidade de armazenamento de água no solo e na atmosfera, além da demanda da população por água.

Outro tema abordado foi: Hidrogeologia, Testes de Aquífero, Reservas, Balanço e Modelo Hidrogeológico. A geóloga Janaína Miranda destacou que as informações do balanço hidrogeológico mostram a relação entre a reserva explotável e saídas de água (bombeamento). Esses dados permitem ao município direcionar ações aos locais em que há déficit para evitar competição por água subterrânea local.

Já os modelos conceitual e matemático apontam o entendimento da dinâmica das águas na região e a projeção dos cenários em uma perspectiva de como estará o nível das águas subterrâneas com o aumento da demanda de água no futuro.

Além disso, no seminário, foi feita apresentação de datação inédita das águas subterrâneas e o cenário de contaminação e poluição do Aquífero Alter do Chão. As informações, exibidas pela pesquisadora em geociências Priscila Silva, apresentam à gestão local áreas que merecem especial atenção na autorização para perfuração de novos poços, de modo a garantir à população acesso a água de qualidade para consumo.

Para finalizar as apresentações do SGB, os pesquisadores Roberto Kirchheim e João Diniz falaram sobre a gestão dos recursos hídricos, enfatizando a importância de tratar a água como um bem finito. Eles também apresentaram técnicas para perfuração de poços tubulares na cidade.

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